quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Carta de Valores do Coletivo FACA


1º respeito mútuo a todas as pessoas, independente de etnia, opção sexual, credo, naturalidade, gênero, posição política, grupo social, profissão ou idade.

2º oposição a todo o tipo de discriminação.

3º incentivar, defender e promover o vegetarianismo e a vida livre de dependências sejam elas físicas, químicas, econômicas, humanas ou culturais.

4º incentivar, promover e defender a pluralidade artistico-cultural, a convivência, a troca de conhecimento e as iniciativas.

5º apoiar a livre organização popular, de caráter emancipatório, em defesa de uma sociedade justa e igualitária.

6º incentivar, promover e defender o estudo contínuo, independente da academia, de todas as questões relativas a compreensão da sociedade, bem como questões de subsistência(saúde, alimentação, desenvolvimento físico, etc.) e de entendimento funcional(construção, conserto, funcionamento tecnológico, etc.).

7º não associação com partidos políticos, candidatos, ONGs, governos, sindicatos, empresas, coletivos, movimentos ou grupos que impliquem em quebra dos valores dispostos anteriormente, bem como, os mesmos, em posições antagônicas às que defendemos.

Nossa História

Em 2005, um grupo de jovens do extremo sul de São Paulo iniciou um trabalho ligado à música hard core, ao vegetarianismo e a vida livre de drogas. Realizavam eventos com bandas em que, na metade, era realizada uma projeção de filme introdutória à idéia que se discutiria no debate que vinha logo em seguida. O grupo chamava-se Coletivo Extremo Sul Hardcore e seu intuito principal era ligar o entretenimento e o gosto pela música a discussões sobre as drogas, o consumo, a sociedade e a juventude.
No início de 2006, quatro desses jovens, Juliana Silva, Kleber Luis, Leonardo Medina e Rodrigo Gomes, avaliam que não dá pra atingir a juventude, tão dividida nas chamadas tribos, através de um único tipo de expressão artístico-cultural e decidem criar um espaço de convivência, tendo como base os mesmos princípios do Coletivo Extremo Sul Hardcore, mas agregando a estes o princípio da pluralidade cultural e da troca de saberes através da convivência. Nascia o Coletivo FACA (Foco de Atividades de Cultura Alternativa).
Ocupando uma casa vazia, que ficava sob a casa de um dos membros, o grupo inicia a construção do que viria a ser a primeira sede do Espaço Cultural FACA, no Jardim das Imbuias. A idéia inicial era ter uma cozinha vegetariana, que servisse tanto para produção de lanches para venda, como para oficinas de culinária vegetariana; um estúdio para ensaios de bandas e grupos, que também funcionava como espaço de shows e espaço para outras oficinas desenvolvidas; e um espaço de convivência, onde ficavam bancos e estantes com livros, que podiam ser lidos no próprio espaço ou emprestados.
À casa, tudo faltava: não havia energia elétrica, água, banheiro, até mesmo algumas portas estavam faltando. Obtivemos a maioria dos materiais pelas ruas, em depósitos, ferros-velhos ou em nossas próprias casas. Os materiais que não conseguíamos eram comprados com dinheiro dos próprios membros. Aos poucos o espaço foi ganhando forma: Foi construído um banheiro, desde a rede de encanamento; colocou-se portas, vidros e janelas e construiu-se uma bancada na cozinha; pintaram-se as paredes; e, por fim, deu-se a construção do estúdio, utilizando caixas de ovo, ripas de forro usadas, madeira prensada, carpetes velhos e colchões casca de ovo. A sala foi preparada, quase inteiramente, com materiais reutilizados. No entanto, o espaço ficou aberto apenas alguns meses, pois, sem fontes de recursos, os membros do Coletivo FACA tiveram de retomar seus trabalhos formais.
Já em 2007, surge uma nova oportunidade ao grupo: o Programa VAI (Valorização para Iniciativas Culturais) aprovou o Projeto Calendário Cultural Alternativo, cujo financiamento permitiu ao grupo realizar as atividades que pretendia, desde o ano anterior.
O Projeto Calendário Cultural Alternativo compreendia oficinas multiculturais de Fotografia, Stencil Graffit, Fanzine, Culinária Vegetariana, Xadrez e Horta Vertical; Cines-debate, que eram projeções de filmes seguidas de discussões acompanhadas de apresentações de bandas; e mostras culturais, Fagulha, que eram eventos multiculturais com bandas, apresentações teatrais, projeção de filmes, rodas de discussão, intervenções artísticas e exposições. Além destas atividades, havia no espaço: livros e revistas para leitura e empréstimo, obstáculos para prática de skate, tabuleiros de xadrez e mini-eventos com apresentações de bandas. Graças ao financiamento obtido do Programa VAI, todas as atividades foram realizadas gratuitamente e tinham a participação limitada somente em relação à idade mínima, que era 14 anos. Antes disso as atividades dependiam de recursos provenientes dos próprios membros. Neste ano o grupo também tentou financiamento do Programa de Ação Cultural (PAC) da Secretaria de Estado da Cultura, mas sem sucesso.
Ao primeiro ano de realização de projeto, juntou-se o primeiro desligamento de membros do Coletivo original: Leonardo Medina se afastou por motivos pessoais e Rodrigo Gomes foi atuar no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Outras pessoas se aproximaram então do Coletivo, que ganhou nova forma e novo gás, iniciando um processo que se faria sempre presente no decorrer do tempo, a renovação: Entraram Cássia Camilo e Karina Gonçalves, organicamente, e, Lucimara Perpétua e Paulo Albano, colaborativamente.
Com o fim do projeto, em dezembro de 2007, veio também à perda da sede, requisitada por questões de moradia, e a saída de Karina Gonçalves. O coletivo FACA ficou, então, sem realizar atividades até março de 2008, quando, graças a contatos de parceiros, estabelecidos durante a realização do Projeto Calendário Cultural Alternativo, iniciou um processo de parceria com a Organização Não-Governamental Projeto Anchieta, no Grajaú, que cedeu um espaço para a realização de atividades aos finais de semana e alguns auxílios materiais. Porém, as dificuldades financeiras obrigaram vários membros a procurar, novamente, empregos formais, enquanto o projeto Calendário Cultural Alternativo passava por uma re-elaboração, a fim de concorrer novamente ao financiamento do Programa VAI, em 2008.
Em janeiro de 2008, o Coletivo FACA iniciou uma parceria com o coletivo NCA – Núcleo de Comunicação Alternativa – pensando a iniciação de uma mobilização de coletivos e grupos culturais na zona sul, para o fortalecimento, desenvolvimento e crescimento do trabalho independente destes. Essa parceria deu origem ao Movimento Social de Cultura Alternativa, MOSCA, cuja primeira atividade foi o Fuzuê da Mosca, evento multicultural, na mesma linha do Fagulha. Infelizmente, a organização deste Movimento demandava um trabalho que, naquele momento, ia muito além das possibilidades da ambos os Coletivos, e o MOSCA ficou paralisado. Neste inicio de ano, Lucimara Perpétua e Paulo Albano se firmaram como membros orgânicos, Rodrigo Gomes retornou do MTST, Cássia Camilo e Juliana Silva se afastaram por motivos pessoais e Francielle Jordânia ingressou no Coletivo.
Pensando formas de obter recursos para realizar atividades, o Coletivo sistematizou as oficinas que realizava e ofereceu-as como atividades para outras ONGs da região, como a Fundação Projeto Travessia, onde foram realizadas as oficinas de stencil, fanzine, horta vertical e culinária vegetariana, o que, junto com recursos materiais e financeiros poupados no ano anterior, possibilitou a realização de algumas atividades, como cinemas, grupo de graffit/stencil e grupo de yoga, até a aprovação, pela segunda vez, do Projeto Calendário Cultural Alternativo.
A segunda edição do Projeto Calendário Cultural Alternativo consistia, basicamente, nas mesmas atividades do primeiro, porém com a inserção dos Saraus, das Rodas de Discussão e da Oficina de Teatro. Outras atividades foram mantidas, como o empréstimo de livros, e passou-se a realizar, também, intervenções artístico-culturais em eventos de grupos e organizações parceiras.
Durante o ano de 2008, realizamos ou participamos de atividades, como intervenção ou na organização, com várias outras organizações da região do Grajaú, como o Varal Cultural, a convite da banda Brado ‘M Bando; a Oficina Movimento Cultural, com o grupo Oficina da Rima; Cines-debate com os jovens do NSE do Projeto Anchieta; encontros de formação do Cedeca Interlagos; Projeto RUAS do Cedeca Interlagos; DebatePapo do Coletivo Imargem; encontro de organizações civis latino americanas promovido pelo Instituto Pólis e pela Logolink América Latina; encontro nacional Rastafári, encontros da Pró Federação Anarquista; discussões sobre moradia no Grajaú com o Movimento Passe Livre e o Cedeca Interlagos; reuniões de organização do Tribunal Popular, inclusive na zona sul; produção de artigos para o informativo Balaio Cultural do Grajaú; exposição de trabalhos artísticos dos grupos Artixo e Imargem; desenvolvimento da Permacultura no Projeto Anchieta.
Na metade de 2008, Lucimara Perpétua e Francielle Jordânia se afastaram por motivos pessoais. Por conta do processo de construção de uma Carta de Valores e de um Regimento Interno, os três membros constituintes do Coletivo não convidaram nenhuma pessoa pra ingressar nele. Após a conclusão dos processos da Carta e do Regimento, no princípio de 2009, Fernando Sampaio e Marcelino de Queiroz foram convidados e ingressaram organicamente no Coletivo FACA, para constituírem o grupo junto com Kleber Luis, Paulo Albano e Rodrigo Gomes.